Tratamento de lesões da medula espinal
Tratamento de lesões da medula espinal: a eliminação das células senescentes melhora a recuperação após lesões na medula espinal em mamíferos.
Contexto
De acordo com dados da OMS, todos os anos, em todo o mundo, entre 250 000 e 500 000 pessoas sofrem lesões na medula espinal; no caso dos homens, as faixas etárias de maior risco são os jovens adultos (20-29 anos) e mais de 70 anos; já as mulheres estão maior risco na fase da adolescência (15-19) e em idades mais avançadas (60+ anos); estudos indicam que o rácio homens-mulheres é no mínimo 2:1 entre os adultos.
Lesões na medula espinal em humanos tem consequências sérias e muitas vezes irreversíveis, com sintomas que podem variar entre dor e paralisia dependendo da intensidade e nível da lesão. Além de danificar a sensação e o movimento voluntário, uma lesão na medula espinal (ME) interrompe o sistema nervoso autónomo e induz disfunção ou falência de vários órgãos devido ao seu papel crucial na coordenação das funções corporais. Às lesões da ME podem seguir-se complicações no sistema nervoso (dor neuropática e depressão), nos pulmões (edema pulmonar e falência respiratória), no sistema cardiovascular (hipotensão ortostática e disreflexia autonómica), no baço (atrofia esplénica e leucopenia), no sistema urinário (bexiga neurogénica, lesão renal e infeção do trato urinário), no sistema músculo-esquelético (espasticidade e atrofia muscular), no osso e tecidos moles (osteoporose e ossificação heterotópica) e na pele (úlcera por pressão) e incluem disfunção sexual, patologias hepáticas, disfunção intestinal neurogénica, siringomielia, e aumento da suscetibilidade a infeções. Como tal, intervenções terapêuticas que melhoram complicações devido a lesões da ME podem ser tão importantes para o prolongamento da esperança de vida e para a melhoria da qualidade de vida como as intervenções que promovem neuro-regeneração e recuperação das funções motoras.
Embora haja um grande esforço para encontrar terapias eficientes, as lesões da medula espinal continuam a ter um impacto significativo na vida dos pacientes e têm custos substanciais para a sociedade. As opções existentes para o tratamento das lesões da medula espinal em humanos são a estabilização hemodinâmica, realinhamento cirúrgico da coluna vertebral e descompressão da medula espinal que depois é complementado com fisioterapia.
Não obstante, o melhor cuidado médico disponível tem tido sucesso muito limitado na prestação de uma boa recuperação neurológica e funcional a pacientes severamente afetados. Atualmente, não existe cura para as lesões da medula espinal.
Sobre a tecnologia
O peixe-zebra consegue regenerar a sua medula espinal e recuperar a capacidade de nadar após lesões severas. Mamíferos, como os humanos e os ratos, nunca recuperam a sua capacidade motora depois de lesões da medula espinal. As células senescentes são induzidas depois de lesões na ME tanto nos peixes-zebra como nos ratos. Contudo, enquanto as células senescentes induzidas no peixe-zebra vão desaparecendo, nos ratos a quantidade destas células aumenta com o tempo. Numa lesão da ME moderada a severa num rato, a eliminação das células senescentes usando medicamentos senolíticos melhora: a função motora, como foi constatado usando testes de campo aberto e da escada horizontal; a função sensorial, descoberto com testes incrementais de placa térmica; e recuperação autonómica, nomeadamente, capacidade de esvaziamento da bexiga e controlo lipídico pelo fígado. A recuperação funcional observada quando as células senescentes são eliminadas deve-se a um aumento na preservação da mielina e a uma redução no recrutamento de pericitos, levando assim a uma cicatriz fibrótica mais pequena no local da lesão. Isto abre a possibilidade ao uso, isolado ou combinado, de medicamentos senolíticos indicados para lesões da medula espinal.
Estágio de desenvolvimento
TRL 3 – Prova de conceito.
Benefícios
Tratamento de lesões da medula espinal são uma necessidade clínica não satisfeita. Abordagens terapêuticas combinadas são necessárias mesmo que apenas permitam uma pequena melhoria motora e sensorial. Com o uso de medicamentos senolíticos ou outros tratamentos que eliminam células senescentes, existe uma evolução motora e sensorial depois da lesão da medula espinal.
Aplicações
Tratamento de lesões da medula espinal.
Oportunidades
Procuram-se parceiros de codesenvolvimento que apoiem:
- Screening de moléculas direcionadas a células senescentes na medula espinal;
- Ensaio ADMET em modelos animais;
- Otimização do composto.
A tecnologia está também disponível para oportunidades de licenciamento exclusivo ou não-exclusivo.
Em busca de:
- Licenciamento;
- Parceiros para desenvolvimento da tecnologia.
Propriedade intelectual
- Pedido de patente submetido (WO2021052962).
NOVA Inventors
António Jacinto
Maria Leonor Saúde